terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Você é uma pessoa nutritiva ou tóxica?


Assim como os alimentos, nosso comportamento também pode ser nutritivo ou tóxico. Temos os dois comportamentos dentro de nós, mas sempre um é mais presente. A pessoa que tem um comportamento nutritivo é aquela que na maioria das situações busca soluções para viver em harmonia consigo e com os demais. Geralmente é o tipo de pessoa que todos adoram conversar, pedir um conselho ou mesmo um colo. Sua característica principal é saber ouvir e falar com discernimento, pois antes de fazer um julgamento, prefere ouvir todas as partes envolvidas, para depois emitir uma opinião. Dessa forma é uma pessoa que sempre tem uma palavra amiga para elevar o astral. Sua presença cria uma atmosfera de equilíbrio nos ambientes, por isso é sempre bem vinda. Diante das dificuldades, procura ver o lado positivo das situações e suas ações são sempre visando um bem maior. No trabalho, é o tipo de pessoa servidora, que “arregaça as mangas” e executa seu serviço sempre colaborando com os demais.
A pessoa que tem um comportamento tóxico é aquela que geralmente acorda de mau humor e detesta falar bom dia. Como seus pensamentos são tóxicos, só consegue enxergar as situações pelo lado ruim e adora criar problemas. Adora ver uma briga, por isso seu principal artifício é a fofoca e a maledicência. Sua presença, na maioria da vezes ,causa desarmonia e o ambiente fica pesado. Sabe da vida de todos, mas pouco conhece de si mesma. Sempre tem um comentário que pode piorar a situação. Diante das dificuldades procura um bode expiatório para despejar sua raiva. e quase nunca encontra uma solução. No trabalho, é o tipo da pessoa que “empurra” o serviço para os outros. Sabe de todos os seus direitos, mas pouco executa seus deveres.
Na sociedade em que vivemos precisamos mais de pessoas nutritivas. Somente o comportamento que nutre pode equilibrar o indivíduo, a família e a comunidade. 

Márcio Assumpção (professor de yoga)


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


O prazer das coisas simples da vida - Jael Coaracy


É interessante observar que o prazer a alegria da vida não estão- ao contrário do que muitos acreditam- nos eventos espetaculares ou no luxo proporcionado pelo dinheiro.

Encontramos pessoas de bem com a vida, entusiasmadas e felizes, independentemente da classe social a que pertencem.Da mesma forma que ressentidos, insatisfeitos e deprimidos podem ser localizados entre os que representam o poder e a glória da fortuna.
Essa constatação não significa que a boa ambição, que impulsiona os indivíduos à uma vida melhor, deva ser menosprezada. Ao contrário. Aprender, crescer e conquistar o que o mundo pode oferecer de melhor é sinal de uma boa auto-estima, de motivação e de disciplina, ingredientes fundamentais para o progresso da humanidade.

A reflexão que proponho nesse início de semana é sobre o que nos traz alegria e plenitude. Os sentimentos dessa natureza não se relacionam diretamente com o que você tem na vida, mas sim com quem você é.
As alegrias da vida, como começamos falando, estão nas coisas simples, na capacidade de sentir prazer na companhia de alguém, ao contemplar uma paisagem bonita, compartilhar idéias, usar a criatividade, abraçar a vida com amor, recebendo e irradiando sentimentos acolhedores. Observamos que, tanto nas mesas das comunidades carentes, quanto nos restaurantes estrelados do mundo, o que proporciona felicidade é saber desfrutar a companhia dos que nos rodeiam, vivendo o prazer de estar presente no momento.

Um bom banho antes de deitar na cama limpa depois de um dia de trabalho, é motivo de gratidão e de alegria. O futebol aos domingos, cinema com pipoca, o mergulho na praia, caminhar à beira mar, na lagoa, no bosque, ou no quarteirão do bairro são coisas simples que abastecem a alma quando se está de bem com a vida.
As possibilidades de obter prazer na vida são inúmeras. Você pode fazer a sua lista e escrever todas as pequenas grandes coisas que o deixam mais feliz.
Brincar com uma criança; fazer um trabalho manual; se arrumar com calma diante do espelho quando se perdeu aqueles quilinhos a mais; passear com o cachorro; adotar um animal abandonado; cozinhar para quem se ama; reunir amigos; fazer um passeio; ouvir música e dançar, seja em casa ou na discoteca; estudar com vontade; ler; fazer uma atividade doméstica que o agrade; dar ou receber um telefonema carinhoso; beijar a pessoa amada; perdoar a falha de alguém; fazer novos amigos; comemorar a vida, seja um aniversário, um encontro de amigos, uma confraternização entre colegas.

São tantas as possibilidades de se ter prazer e alegria! Observamos que os motivos que nos carregam de energia positiva e plenitude ao longo da vida, não dependem de grandes acontecimentos, ou de muito dinheiro.
Desde que você tenha equilíbrio na vida, que saiba administrar sua situações financeira, de modo a não ter dívidas maiores do que as que pode pagar, a questão do dinheiro não tem tanto impacto sobre a felicidade que se é capaz de sentir.
Um bom saldo na conta bancária pode comprar conforto e possibilitar realizações e prazeres. Entretanto, as alegrias da vida, a capacidade de amar e de ter prazer convivendo com as outras pessoas, dependem do que cada um traz dentro de si.
É nas coisas simples do cotidiano, na disposição para a vida, e no desfrutar de momentos comuns que nos reabastecemos internamente, ganhando força e energia para seguirmos em direção às conquistas que almejamos.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Uma Canção Para a Vida - Professor Márcio Assumpção


Hoje quero cantar para a vida...
a música da gratidão,
sabendo que tenho muito mais para agradecer do que para pedir;
por tudo que veio antes de mim;
por tudo que virá depois de mim.
Gratidão pelos que ajudaram, ajudam ou ajudarão,
pois essas pessoas me ensinam a cada dia que estou na vida para servir.
Gratidão por todos os que se apresentam como pedras no caminho
pois me lembram que algumas vezes preciso ser podado para crescer forte.
Hoje quero cantar para a Vida...
a música da Devoção,
sabendo que tenho muito mais a oferecer do que pedir;
para a fé que está no coração de cada ser;
para Deus que está em todas as manifestações de verdadeira fé.
Quero fazer um altar dentro de mim
e reverenciar meus Pais, meus Antepassados e meus Mestres,
para que eu possa seguir em frente com humildade e honra.
Hoje quero cantar para a Vida...
a música da Meditação,
sabendo que tenho muito mais a refletir do que pedir.
Quero cantar uma canção sem som, sem métrica, sem palavras.
Quero cantar o silêncio interior,
para escutar a voz da Consciência que abaixa o volume do ego
e aumenta do Ser.
Hoje quero cantar para a Vida...
a música do Coração,
sabendo que tenho muito mais a cumprir do que pedir.
Quero lembrar de minha primeira inspiração nesta existência,
para não esquecer o que estou fazendo aqui.
Quero na última expiração,
ter a certeza do dever cumprido, do dharma mantido
e do caminho seguido.
Hoje quero cantar para o Mundo...
e que outras pessoas a ouvirem esta canção,
possam cantar juntas comigo
a música da transformação.

                           Namastê


                                            
                                        

A Gente Se Acostuma - Marina Colassanti




Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. 
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. 
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto. 
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.